Na formação em saúde, somos ensinados a cuidar de pessoas — mas raramente somos ensinados a cuidar do nosso próprio trabalho como um negócio. A maioria dos profissionais sai da faculdade sem nenhuma base sobre gestão, precificação, administração ou sustentabilidade financeira da sua prática. O resultado? Profissionais altamente capacitados tecnicamente, mas inseguros ao colocar preço no seu serviço, cobrando menos do que vale ou oferecendo atendimentos gratuitos de forma recorrente, o que leva rapidamente ao esgotamento físico, emocional e financeiro
.Como afirmou Peter Drucker, um dos grandes pensadores da administração moderna: “O que não se pode medir, não se pode gerenciar.”
E aqui está a verdade: precificar corretamente é uma forma de medir, valorizar e garantir a continuidade do cuidado que você oferece.
Por que profissionais da saúde precisam dominar a precificação
- Porque conhecimento tem valor.
O que você oferece é fruto de anos de estudo, atualizações, supervisões, congressos, formações e prática. Precificar é reconhecer o valor dessa trajetória. - Porque precificar mal afasta a sustentabilidade.
Cobrar abaixo do justo desvaloriza o serviço e torna a atuação insustentável. Muitos profissionais abandonam o atendimento particular ou a carreira autônoma por não saberem organizar e cobrar de forma correta. - Porque o paciente também sente o valor.
Quando o profissional precifica com segurança e clareza, o cliente percebe confiança, seriedade e profissionalismo. O preço comunica — e não apenas o custo, mas o posicionamento.
O que envolve uma precificação consciente?
No Curso de Consultoria de Alta Performance em Aleitamento Materno, ensinamos um módulo exclusivo sobre precificação e visão administrativa para profissionais da saúde. Esses são alguns pilares abordados:
1. Cálculo de custos fixos e variáveis
Quanto custa, de fato, cada atendimento? Incluindo deslocamento, tempo de preparo, materiais, impostos, cursos, estrutura de atendimento etc.
2. Valor da hora técnica
Considerar o tempo efetivo de trabalho (não apenas o tempo com o cliente), e calcular um valor que permita a sustentabilidade do negócio, considerando metas mensais e estilo de vida.
3. Percepção de valor
O preço não é apenas técnico — ele também comunica o nível de especialização, o tipo de experiência oferecida e o perfil do público atendido. Como dizia Warren Buffett:
“Preço é o que você paga. Valor é o que você recebe.”
É o valor que justifica o investimento do cliente, não apenas o tempo da consulta.
4. Clareza nos serviços e pacotes
Oferecer pacotes de acompanhamento, atendimentos complementares e serviços com valor agregado permite melhor organização e previsibilidade financeira.
5. Postura profissional e ética
Saber precificar com ética é evitar comparações desleais, concorrência por preço e ofertas que desvalorizam a profissão. Isso fortalece toda a classe e cria um mercado mais saudável.
Administração é também um ato de cuidado
Saber precificar não é apenas um dever administrativo — é uma ferramenta de valorização profissional. Quando você precifica com segurança, você se posiciona com autoridade e garante continuidade ao seu propósito. Isso permite que você invista em capacitação, cuide da sua saúde mental e mantenha a qualidade do atendimento a cada mãe, bebê e família.
Profissionais da saúde que desejam atuar com liberdade, impacto e reconhecimento precisam, sim, dominar conceitos de gestão, precificação e sustentabilidade profissional.
Como ensinamos no curso: você não é só profissional da saúde — você é também gestora do seu conhecimento. E isso precisa refletir no valor do seu trabalho.
Por Eneida Souza – Especialista internacional em Aleitamento Materno pela UCLA-CA -enfermeira, doula, Terapeuta e Psicodramatista de casal e família, Autora de 2 livros, Essa é a Nossa Família