Mulheres que Correm com os Lobos é uma obra profunda e simbólica escrita por Clarissa Pinkola Estés, psicanalista junguiana e contadora de histórias. Por meio de mitos, lendas e contos folclóricos de várias culturas, Clarissa nos convida a reconectar com aquilo que ela chama de “a mulher selvagem” — um arquétipo que representa a essência instintiva, intuitiva, criativa e poderosa da mulher.
Segundo Clarissa, muitas mulheres modernas foram afastadas desse núcleo vital ao longo da vida. Foram domesticadas, silenciadas, condicionadas a agradar, cuidar de todos antes de si mesmas e a desconfiar do próprio instinto. O resultado disso? Mulheres exaustas, sem voz, desconectadas de seus desejos mais profundos e frequentemente subvalorizadas — inclusive no campo profissional.
Ao resgatar esse feminino selvagem, não se trata de rebeldia sem propósito, mas de um retorno à própria natureza mais autêntica: aquela que sabe o que quer, sente o que precisa e se permite agir com coragem e verdade.
Cada capítulo do livro é ancorado em um conto simbólico, e a autora o interpreta à luz da psicanálise junguiana. Entre eles estão histórias como:
- “La Loba”, a mulher que coleta ossos e canta para devolver a vida ao que estava morto — metáfora poderosa sobre a reconstrução da alma feminina.
- “Vasalisa, a Sabida”, que nos ensina a confiar na intuição e a atravessar os desafios com sabedoria e força.
- “Barba Azul”, um alerta sobre os perigos de ignorar os próprios sinais internos e de não ouvir a voz da sabedoria interior.
Clarissa nos mostra que, para ser uma mulher inteira, é preciso aprender a morrer e renascer muitas vezes — abandonar peles antigas, romper com padrões limitantes, sair do papel de “boazinha” para ocupar o lugar de protagonista da própria história.
Este livro é um chamado. Um chamado para que a mulher volte a correr com seus próprios lobos, com seus instintos, com sua liberdade criativa e sua força ancestral.
É sobre ser livre por dentro.
É sobre honrar seus ciclos, seus saberes, seu tempo.
É sobre deixar de apenas cuidar — e começar a se cuidar também.
Por que esse livro é tão importante para profissionais da saúde?
Porque muitas de nós fomos ensinadas a cuidar… mas não a empreender.
A ouvir o outro… mas não a escutar nossa própria voz.
A ser técnicas… mas não a confiar no nosso instinto profissional e pessoal.
Esse livro é um resgate. Uma lembrança de que há uma mulher poderosa, criadora e intuitiva em cada uma de nós — e ela está pronta para liderar, empreender, acolher… e se posicionar com força e ternura ao mesmo tempo.
Por Eneida Souza – Especialista internacional em Aleitamento Materno pela UCLA-CA -enfermeira, doula, Terapeuta e Psicodramatista de casal e família, Autora de 2 livros, Essa é a Nossa Família