O filho chega na vida do casal pedindo espaço e tempo para se adaptar a esse mundão. A gestação nos prepara para algumas mudanças mas a pergunta que mais ouço no consultório é, quando vamos retomar a nossa vida de casal?
Leia mais: Filhos pequenos – aonde está o casal?Dá para conciliar, claro que de forma diferente, importante que cada casal estabeleça, faça movimentos para manter a chama acesa. Então vamos conhecer algumas mudanças que acontecem nesse novo universo. Durante a gestação a quantidade de hormônios que são liberados para que o bebê se desenvolva de forma segura, altera toda a arquitetura do cérebro da mãe, claro, o parceiro, parceira também têm alterações hormonais a espera do filho.
É um preparo sim, mas as maiores alterações são observadas após o nascimento do bebê. O cansaço da mãe é completamente diferente de todos a sua volta. Ela tinha dois hormônios, estrógeno e progesterona, que seguravam o bebê e dava pique para ela continuar as atividades, com a saída da placenta, esses hormônios despencam e sobe rapidamente outros dois hormônios, ocitocina e prolactina, que mexem muito com o emocional da mãe. Imagina a bagunça que acontece no cérebro.
É fundamental que todos ao redor tenha conhecimento dessas alterações para auxiliar de forma efetiva a mais nova família. Sim, com a chegada do primeiro filho formamos a mais nova família.
Quais alterações são importantes saber ?
.O cansaço da mãe é diferente do seu e de toda a rede de apoio. O seu é cansaço, da mãe é exaustão física e emocional.
. O sono interrompido mais os hormônios, alteram o apetite, humor e desgaste de energia.
. O seu olhar deve estar voltado para a mãe, se ela estiver bem o bebê com certeza estará bem. Ao cuidar dela gera segurança e aumenta a liberação da ocitocina que traz tranquilidade para a mãe.
. O seu tempo não é o tempo da mãe, mas ainda no pós parto a tendência é ela ficar mais lenta, mesmo o bebê sendo cuidado ela quer estar junto. Faz parte da maternidade. Tome a iniciativa de cuidar também.
. Não adianta pedir algo para ela fazer, o cognitivo que mudou durante a gestação, despenca para que ela direcione o foco nos cuidados com o bebê e amamentação.
Ok, mas é o casal? A onde nos ficamos?
Estamos sempre no mesmo lugar, na mesma cama, ocupamos o mesmo espaço, sim, tem um distanciamento natural como disse no início, o bebê chega pedindo espaço. Mas, não podemos deixar de olhar para o outro. Ter um filho é fascinante, mas tem um caminho a ser percorrido. Uma sugestão que dou é, durante a gestação olhe toda a rede de apoio que vcs poderão contar, desde o supermercado, farmácia que faz entrega até manicure que vem em casa. Distribua tarefas para familiares, amigos próximos.
Entre o casal, o que cada um vai fazer, não vale dizer: “Estou exausto trabalhei o dia todo!!”. O outro que amamenta e cuida do bebê, trabalha 24hs. Para os pais nos primeiros anos da infância sem dormir, mas antes da idade escolar – há uma realidade brutal e inegável. Estamos tão exaustos com os cuidados, a casa, as contas, as horas do banho e os pedidos aparentemente intermináveis para dormir que cada dia termina em exaustão, muito comum dizerem: ” Quero só comer e dormir ou, só dormir! Os casais esquecem de manter o romance vivo. A pergunta para um grande número de pais é: como você mantém seu relacionamento vivo?
Pode ajudar saber que você não está sozinho. Os três primeiros anos são os mais difíceis, vocês estão passando por várias mudanças, desafios. O tempo que vc tem vale ouro. O sono ininterrupto se torna algo muito importante, mais importante que o sexo. Como assim? E a frase ” Os filhos trazem felicidade”. Sim trazem, e muita felicidade, traz um amor diferente incondicional, somos capazes de remar rios, subir montanhas por eles. Mas esse amor não nasce assim, ele cresce, cresce a cada dia e se torna uma imensidão. No entanto, para que esse processo aconteça para os dois e o casal sobreviva é preciso ficar atentos.
Vocês são parceiros, esqueça a palavra AJUDA. O seu jeito de cuidar do bebê não pode ser igual ao do outro. O bebê aprende a diferenciar os dois, pelo cheiro que são diferentes, a voz que é diferente e os cuidados que precisam ser diferentes. Para o seu parceiro ou parceira, lembre se de PEDIR e não MANDAR. Quem manda é mãe! Ao mandar, o outro da um passo a atrás, se afasta.
Muito importante, o seu tempo não é o tempo do outro que também não será o tempo do bebê. Proibido levar serviço para casa, mas… Peça ajuda para alguém!Aqui chamo a atenção para quem é centralizador, precisa ter cuidado redobrado com a saúde emocional do casal. Se é parceria vamos lá, um põe para dormir o outro ajeita as coisas usadas para o banho. Terminam juntos, vão descansar um pouco, jantar, tomar algo… Sim esse tempo é curto mas o importante é mante-lo sempre vivo, mesmo minutinhos! Revezem quem coloca o bebê para dormir. Amamentação se vocês se dedicarem nos 15 primeiros dias, se tiver parceria mesmo, o bebê ganhando o peso adequado, vocês conseguirão o sonho esperado, dormir mais.
Se o bebê estiver maior procure fazer pelo menos uma refeição juntos. No final de semana aumente a frequência. Tenham um olhar carinhoso para o sono de vocês, você é mais do dia ou da noite? Como o outro é? Leve em conta ao dividirem as tarefas Troquem palavras de carinho durante o dia. Quem trabalha fora, ao voltar leve algo que o outro goste. Espalhe foto de vocês dois antes de engravidaram, pela casa deixe algumas no quarto do bebê também, para vcs lembrarem dos momentos deliciosis juntos, que vão voltar, desde que vcs alimentem. O pai é a mãe ideal só existe dentro da nossa cabeça, da nossa história de vida. Construam vocês a história da família de vocês, respeitando a individualidade, limites e o tempo de cada um.
Por Eneida Souza Terapeuta de Família, Casal